O governo de Roraima acusou o deputado Dhiego Coelho (PTC) de intimidar e agredir a médica diretora do Hospital Estadual de Retaguarda, que atende pacientes com Covid-19 em Boa Vista, durante uma fiscalização. O parlamentar nega e diz ter sido impedido de exercer sua função. A confusão ocorreu na última terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher.
Dhiego Coelho foi à unidade logo depois a Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR) aprovou a continuidade do estado de calamidade pública por conta da Covid-19 em Roraima mesmo diante da redução drástica de casos da doença no estado. Ele votou contra a medida.
Vídeos que circulam na internet registraram parte da confusão e mostram o momento em que o deputado entra no hospital desobedecendo a ordem da diretora para não entrar.
Ao telefone, enquanto fala com outra pessoa, ela diz: “Eu estava na frente da porta, ele empurrou e cortou até meu dedo [e mostra a mão para uma pessoa que filma]. Ele não respeita. Não respeita o segurança. Eu não autorizei me filmarem e estão me filmando”.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) repudiou o corrido, disse que o deputado causou tumulto e cobrou que a Assembleia Legislativa adote as medidas legais acerca do “eventual excesso ou abuso de direito que tenha vitimado profissional da medicina no exercício da profissão”.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (10), Dhiego Coelho disse que foi ao hospital fazer uma visita surpresa para fiscalizar o funcionamento e “saber se havia pacientes internados”. Ele também comentou o caso na tribuna da Casa.
“Vi uma estrutura muito grande. Imensa, na verdade. Vi inúmeros servidores da enfermagem, limpeza, de empresas terceirizadas de segurança para cuidar apenas de paredes e tendas. Eu entrei em todas as enfermarias daquele hospital e apenas uma está funcionando com apenas dois pacientes internados”, afirmou o parlamentar.
Segundo o parlamentar, os dois únicos internados que ele viu não haviam sido diagnosticados com Covid, o que, segundo ele, retrata desrespeito com o dinheiro público.
“Um [paciente] esperava ser transferido para outro hospital, pois estava com a perna quebrada. O outro, um guianense, com um ferimento no olho, que também aguardava transferência para tratamento adequado. Não há pacientes internados com Covid. Vi um total desperdício do dinheiro público”, observou.
Já o governo de Roraima, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau) repudiou o que chamou de “agressão e intimidação” tanto física como verbal contra servidores do hospital e informou que já está tomando as medidas jurídicas relacionadas ao caso.
“A pasta entende que o parlamentar tem total prerrogativa para fiscalizar os atos do poder público, uma vez que foi eleito para atender os anseios do povo. Entretanto, é responsabilidade do Estado assegurar o cumprimento de todas as normas sanitárias, com o objetivo de garantir a preservação da saúde dos pacientes e das equipes que atuam no atendimento da população”, relatou.
O governo disse ainda que espera que a Ale-RR apure a conduta do deputado, uma vez que, além de expressa violência contra a diretora da unidade tendo em vista que “houve uma perigosa violação de normas de segurança biossanitária, atitude que também coloca em risco a vida do próprio parlamentar, uma vez que a pandemia não acabou”.
A Sesau observou ainda que no momento em que o deputado se dirigiu até a unidade, a equipe estava em atendimento de emergência de um paciente que se encontrava na sala de observação, pois apresentava hipotensão.
“A entrada do deputado neste setor acabou tumultuando e prejudicando o atendimento prestado aos pacientes”, relatou.
Além disso, o governo afirmou que como se trata de uma uma unidade para casos de Covid, a entrada é limitada e o acesso é permitido em “casos extremamente necessários ou previstos em lei, o que não foi o caso.”
A Ale-RR foi procurada para saber se adotar alguma medida contra o o deputado e aguardamos resposta.