Grávida com malária reclama que não consegue fazer exames no único hospital de Mucajaí, em Roraima

Foto: Yara Ramalho/g1 RR
Paciente está com malária e precisa realizar exames para saber sobre a saúde do bebê. Esposo dela, de 29 anos, disse que a unidade não possui medicamentos e precisa de uma reforma. Secretaria de Saúde foi procurada.

A jovem Thaís José de Souza, de 25 anos, que está grávida de 4 meses, reclamou da falta de atendimento no Hospital Vereador José Guedes Catão, o único em Mucajaí, no Sul de Roraima. Diagnosticada com malária, ela afirma que precisa fazer exames para saber como está o bebê, mas não consegue por falta de estrutura na unidade.

Thaís disse que devido aos medicamentos que tem tomado para combater a malária, o bebê pode ter o desenvolvimento comprometido e, por isso, precisa fazer uma ultrassonografia solicitado pelo médico que a acompanha.

“Não consegui fazer nenhum exame e os outros eu ainda tinha que marcar para poder fazer. Esses exames já são um encaminhamento, mas eles não fazem, não estão fazendo. Me sinto muito mal porque esse remédio esta afetando o meu bebê, que não esta se desenvolvendo direito”, disse.

Ela disse que foi encaminhada para fazer a ultrassonografia porque foi identificado que o bebê estava com os batimentos cardíacos abaixo que o normal.

Em nota, a Secretaria de Saúde (Sesau) informou que “para realização do exame de ultrassom, é necessário que a paciente faça o agendamento; os exames de sangue são feitos rotineiramente.”

“Sobre medicamentos, a unidade está sendo abastecida regularmente e o estoque atual atende às necessidades, considerando a demanda de remédios para uso hospitalar. O hospital não faz dispensação de medicamentos. Essa atribuição é das Unidades Básicas de Saúde municipais”, disse a Sesau. (Leia abaixo a nota na íntegra)

A gestante foi levada até a unidade pelo esposo, Rogério de Moraes Soares, de 29 anos. Também diagnosticado com malária, ele relatou também não ter conseguido atendimento adequado.

“Já vim outras vezes, quando estava com malária. Já enfrentei muita demora [no atendimento]. Eles deixam a pessoa esperando até a hora que eles quiserem atender, vem e atende, e depois voltam [para a sala] de novo. A medicação também não tem, a gente passa para pegar e não tem nada”, ressaltou o homem.

Em fevereiro deste ano, a Justiça determinou que o estado contratasse mais médicos para o hospital. A ação foi movida pelo Ministério Público de Roraima (MPRR).

À época, governo informou que, de imediato, a Coordenadoria Geral de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde havia encaminhado um profissional para cobrir a escala de plantões na unidade médica.

O casal trabalha em uma fazenda de soja na região do Tamandaré, distante cerca de 15km da sede de Mucajaí, e para ir até o hospital precisou pedir uma motocicleta emprestada. Para eles, trata-se de uma situação desgastante, pois não possuem recursos para irem diariamente na unidade.

“Saí do meu trabalho para trazer ela aqui. Chegamos e disseram que ela não pode fazer [os exames] agora. Só falam que podemos tentar agendar e outras coisas mais. Eu moro na área rural e é muito ruim para vir de lá pra cá, ainda mais agora com essa chuva”, desabafou o marido.

Além da demora no atendimento, o homem relatou que a estrutura da unidade “está feia e acabada”. Segundo ele, as portas estão quebradas e o hospital precisa de “tudo novo”.

“Agora a gente tem que voltar, né? Porque eu tenho que trabalhar. Eu fico pensativo porque é a vida do meu filho, né? A própria médica da Secretaria de Saúde foi avaliar falou que é necessário fazer esses exame urgente, e eles não fazem. Eu resolvi que vou ter que dar um jeito no dinheiro e vou fazer os exames no hospital particular”, frisou Rogério.

Em maio do ano passado, o governo divulgou que a unidade passaria por uma reforma de orçada em R$ 2,3 milhões. O valor seria utilizado na reestruturação de 25 leitos, salas de imunização, sutura e curativos, enfermagem, serviço social, emergência, cirurgia obstétrica, farmácia, consultório odontológico, enfermarias, entre outras.

Nota da Sesau sobre o caso

 

A Secretaria de Saúde informa que, em relação aos serviços oferecidos no Hospital Vereador José Guedes Catão, no município de Mucajaí, para realização do exame de ultrassom, é necessário que a paciente faça o agendamento; os exames de sangue são feitos rotineiramente.

Sobre medicamentos, a unidade está sendo abastecida regularmente e o estoque atual atende às necessidades, considerando a demanda de remédios para uso hospitalar.

O hospital não faz dispensação de medicamentos. Essa atribuição é das Unidades Básicas de Saúde municipais.

No que concerne à assistência médica, em todos os plantões, durante a semana e nos fins de semana, dois médicos realizam atendimentos no Hospital Vereador José Guedes Catão, portanto nenhum paciente que procura a unidade fica desassistido.

Em relação à estrutura, as obras do Hospital seguem sendo realizadas e a previsão de término é para setembro de 2022.

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