RR tem a passagem aérea mais cara do país, apontam dados da Anac

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Valor médio é de R$ 1.086,82; Preço é o maior registrado desde 2010
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Categoria: Nacional
A cada dois ou três meses, o administrador Gabriel Martins, de 27 anos, faz as malas e sai de Boa Vista pelo Aeroporto Internacional Atlas Cantanhede. Assim como vários passageiros que chegam ou partem do estado, o jovem tem uma reclamação principal: o preço das passagens.

Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Roraima tem a passagem aérea mais cara do país, com uma média de preço de R$ 1.086,82. A lista é seguida pelo Acre, com R$ 948,95 e, Rondônia, com R$ 907,77. A passagem mais barata é do Distrito Federal, de R$ 565,87.

“Acho que é um absurdo para a gente ter essa malha aérea mais cara do Brasil, mesmo que a gente seja um estado afastado, tem voo todo dia e eu acho que não justifica”, comenta Gabriel.

O valor registrado pela Anac também é o maior para o estado desde 2010, quando o preço da passagem era de R$ 1.068,16. O menor foi registrado em 2013, com média de R$ 628,59. Em 2020, primeiro ano da pandemia, o valor era de R$ 716,98.

Para tentar escapar dos altos preços, Gabriel pagava o plano de milhas de uma das três empresas aéreas com voos em Roraima. No entanto, com reajustes, ele afirma que ficou “insustentável” e agora compra as passagens por meio de agências online.

“O método que eu tenho tentado adotar é comprar com um pouco mais de antecedência, planejar minhas férias e planejar viagens a trabalho. Geralmente, quando é a trabalho, eu consigo que a empresa pague, né? […], Mas, já cheguei a pagar R$ 4,6 mil em passagem saindo de Boa Vista”, afirma Gabriel.

Economistas apontam distância e oligopólio como motivos do alto valor da passagem

Economistas Getúlio Cruz e Fábio Martinez – Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

Roraima é o estado mais setentrional, ou seja, ao norte, da federação. Segundo o economista Fábio Martinez, a distância de grandes centros e a pouca demanda no estado, influenciam o preço das passagens aéreas no estado.

“Quanto mais distante, mais combustível é gasto, consequentemente, mais caro fica a passagem. Outro fator é a população pequena, as companhias aéreas acabam ofertando uma quantidade menor de voos, porque não tem uma demanda assim tão alta para atender. É melhor colocar um voo lá em São Paulo do que um voo aqui em Roraima”, explica.

Já o economista Getúlio Cruz, acredita que o preço praticado se deve a um oligopólio das três empresas com voos para o estado. O termo econômico refere-se a concentração do controle de algo, neste caso o preço, para um grupo pequeno de ofertantes. Ele também analisa que é possível que os valores praticados sejam altos devido Roraima ser uma espécie de “fim de linha”.

“As empresas podem fixar o preço que quiserem, por isso é que elas [empresas] em países sérios, o Brasil está mais ou menos nesse caminho, eles [países] tem uma agência para regular esse preço. Aqui, é a Agência Nacional Aviação Civil, a ANAC. Acontece que essas agências, criadas no governo Fernando Henrique Cardoso, para serem instituições públicas na defesa da população  contra o abuso praticado pelo oligopólio de preços, infelizmente, lutam muito mais pelo oligopólio que deviam controlar, do que pelo interesse da população”, criticou Cruz.

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